quarta-feira, 7 de julho de 2010

Tarde demais, minha querida.

Eu já vou, já chego, prometo que é rápido, minha querida. Vou correndo quando você me chamar, quando me quiser, eu vou. Quero te levar um pouquinho de paz e umas manhãs que encontrei no bolso da mochila. Quero te mostrar como ficou linda a cicatriz que você me deu naquela noite, junto com aquele copão de amargura que eu bebi num gole só. Deitar ao seu lado, finalmente em paz, e esperar o dia estúpido cair lá fora até virar manhã de novo, até o sol nascer atrás dos prédios, no horizonte que não temos aqui, minha mão na sua barriga, minha alma na sua boca, meu coração nos teus dedos. E será tarde, muito tarde, quando dormiremos juntos, os gatos aos pés da cama, as latinhas na cabeceira, a luz se enfiando pelas frestas da janela, tarde demais, cedo demais, os barulhos entrando, os olhos fechando, tarde demais, minha querida. Todo o tempo do mundo acabou. Tarde demais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário